Todos fomos rejeitados por um amante, traídos por um amigo, passados para trás numa promoção.
Apesar de aprendermos que “perdoar é esquecer” (”o que passou, passou”), a maioria de nós acredita que as pessoas que nos feriram devem pagar pela dor que nos causaram; afinal, elas merecem ser castigadas, mesmo que inconscientemente (”nada como um dia atrás do outro” ou “um dia a pessoa vai ver o que perdeu”).
Não se trata de esquecer a maldade alheia ou minimizar o próprio sofrimento.
Para ser capaz de um perdão verdadeiro e sadio basta entender que ele traz muito mais benefícios do que o rancor.
Na verdade, temos muito o que aprender com essas experiências.
Em primeiro lugar, perdoar não é retaliar, se vingar ou fazer o outro sofrer tanto quanto nos fez sofrer.
Mas, por outro lado, perdoar não é esquecer, deixar para trás quilômetros de mágoa, toneladas de ressentimentos ou ainda fechar os olhos e deixar os “bandidos” se darem bem com as trapaças que cometeram.
Quando perdoamos as pessoas que nos machucaram, não estamos dizendo que o que foi feito contra nós não teve importância (”não foi nada”) ou não deixou marcas profundas (aquelas a ferro e fogo).
Essas perdas foram terríveis e fizeram grande diferença em nossa vida, mas nos ensinaram muitas coisas: tanto a não nos tornarmos De fato, algumas pessoas perdoam, outras não, outras estão tentando. Porém, fingir que perdoamos, ranger os dentes, engolir em seco, não é perdoar. Os terapeutas americanos Sidnei e Suzanne Simon, em seu livro Forgiveness, explicam o que significa perdoar e não perdoar. Começam dizendo que não perdoar tem certas vantagens porque nos dá algumas ilusões.
A primeira, e mais comum, é a ilusão de que, se aquele problema não tivesse acontecido, nossa vida seria perfeita. Só bastaria que as coisas tivessem sido diferentes e não tivéssemos sido machucados naquela época e pela pessoa que nos machucou; agora, estaríamos “numa boa”. Mas, como aquilo aconteceu, temos a explicação ideal, a desculpa perfeita para estarmos e ficarmos na pior (a responsabilidade da nossa infelicidade é sempre do “outro”).
Em segundo lugar, não perdoar nos dá ilusão de sermos perfeitos.
Os maus, os bandidos, são os que nos machucaram, e se nós os perdoarmos nunca mais poderemos dividir o mundo ao meio, todos os mocinhos de um lado e todos os bandidos de outro. Vamos ter de aceitar que as pessoas são “híbridas”, potencialmente boas e más.
Tanto os outros quanto nós mesmos. Não perdoar também nos dá a ilusão de força, de poder (”agora eu controlo”).
Não perdoar ajuda a compensar a sensação de falta de poder que nós sentimos quando fomos machucados.
De fato, se trancarmos na prisão de nossa mente essas pessoas que nos machucaram, vamos nos sentir onipotentes (”agora é minha vez”) pela força do nosso ódio silencioso.
E, por último, não perdoar nos dá a ilusão de que não seremos machucados outra vez.
Mantendo a dor viva, os olhos bem abertos para qualquer perigo em potencial, reduzimos o risco de voltamos a sofrer rejeição, traição ou qualquer outra forma de ferimentovítimas novamente, como não fazermos o mesmo para terceiros.
Mas será que os benefícios de não perdoar valem o preço que pagamos por armazenar essas mágoas, remoer esses sentimentos e nos agarrarmos com unhas e dentes à dor do passado? Será que vale a pena continuarmos alimentando a raiva, revidando com palavras ou com silêncio e assim nunca sentirmos o verdadeiro prazer de viver?
O perdão se torna uma possibilidade quando a dor do passado para de reger nossas vidas; quando não precisarmos mais do ódio e do ressentimento como desculpas para obter menos da vida do que queremos ou merecemos.
Perdoar é chegar à conclusão de que já odiamos bastante e não queremos odiar mais; portanto, perdoar é usar a energia da vida, não para reprimir esses sentimentos, mas para quebrar o ciclo da dor se voltando para o futuro e não machucando outras pessoas como fomos machucados.
Há quem diga que perdoar é escolher entre se vingar e se aproximar, entre ser vítima ou sobrevivente.
Na realidade, perdoar é um processo que vem de dentro.
É uma libertação.
Uma aceitação.
Perdoar é aceitar que a coisas ruins podem e de fato acontecem na vida das pessoas, e que as pessoas mesmo quando amam, se machucam.
Perdoar é um sentimento de bem-estar, é reconhecer que existe algo melhor que queremos fazer com a energia da vida e fazê-lo.
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novembro 24th, 2005 at 11:05 am
Perdoar até perdoo, mais não esqueço jamais…
Toca o barco
[s]s
novembro 24th, 2005 at 9:07 pm
Olá Dj!
Perdoar é reconhecer a nossa própria imperfeição, mas tem coisas que custam perdoar.
Este post é quase uma tese.
Está muito bom.
março 26th, 2006 at 11:59 am
Também eu já fui magoado e magoei outras pessoas. Nalguns casos, perdoei facilmente, noutros nem tanto. O sofrimento prolongou-se no tempo e as feridas custaram a sarar. No entanto, o acto de perdoar liberta-nos das mágoas do passado e acentua a esperança por um futuro diferente e mais próspero.
Quando magoamos outras pessoas sem intencionalidade e elas nos ignoram e não querem mais saber de nós, não podemos deixar de nos perdoar. A verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima. A vida não é para ser vivida com base nos nossos problemas. Todos somos imperfeitos e erramos…
O que me magoa verdadeiramente é o orgulho, é o facto de algumas pessoas fecharem-se em si mesmas com o sentimento de poder e controlo e actuarem de forma teatral, ignorando os outros como se nada tivesse acontecido. Mas cada um de nós é diferente e todos temos perspectivas díspares do mundo, da vida, dos problemas, das pessoas, etc.
Acima de tudo, sejamos correctos!
abril 26th, 2006 at 8:25 am
O texto me ajudou mto…. o perdão é a chave para uma vida feliz, perto daqueles que amamos, embora possam ter nos magoado um dia…
Valeu pela mensagem!!
Abraços
fevereiro 24th, 2010 at 2:06 pm
Olá, meu marido já me magoou diversas vezes, mentiu muito pra mim, sempre digo que não perdoo e nem esqueço, mas ainda estou com ele.
É muito difícil, pois não consigo esquecer, e não sei como perdoá-lo, pois na minha cabeça, vai haver sempre outra vez.
Me ajudem a esquecer as magoas do passado.
Obrigada, fiquem com Deus!
março 12th, 2010 at 8:52 pm
Djalma, eu estou aguardando o seu perdão…
Se não acontecer, ainda assim, desejo que o seu coração sinta todo o encanto que este passeio por aqui possa proporcionar.
Que vc tenha sempre alguém para amar, pq quando estamos envolvidos, até a pessoa mais fria de coração percebe que estamos brilhando.
Vc me faz brilhar!,