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La marioneta

Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.

Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida. Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes – te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor.

Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.

Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens…

Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.

Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.

São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.

Johnny Welch

Uma excelente Semana Amigos…..

Não deixe de ler:

Fernando Pessoa - Poema do Dia: “O ruído vário da rua”

“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir.”

{“Carlos Drummond de Andrade”}

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6 Respostas to “La marioneta”

Claudinha Says:
outubro 1st, 2006 at 6:44 pm
É um texto forte, lindo e encucador… Beijos, vizinho!
Indianira Says:
outubro 2nd, 2006 at 11:14 pm
“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir.”

{“Carlos Drummond de Andrade”}

Diante de palavras tão verdadeiras assim.Só posso dizer que assim são meus dias com você - ETERNOS mesmo que sejam apenas por segundos.Beijos.
Patty Says:
outubro 3rd, 2006 at 9:42 am
Amigo
Passando rapidinho pra te deixar um beijo e desejar tudo de bom!
Bill - Escudeiro da Rainha De Copas Says:
outubro 4th, 2006 at 12:17 am
Conheço essa imagem ó.Ò
Ja carreguei ela por um bom tempo hoje… Sou eu que controlo as cordas =]

Esse não é um texto qualquer é um poema de “Johnny Welch” um ventríloquo que trabalha no México, me lembro de outros texto dele mais esse foi marcante na historia… Vi uma entrevista dele uma vez… Fez o poema para o seu boneco de nome Mofles…
Por muito tempo se deu o credito desse poema para “Gabriel García Márquez” ate tudo ser esclarecido…

Bela escolha mano…

Toca o barco… E rápido hahhahah

[s]s
marilyn Says:
outubro 4th, 2006 at 12:34 am
… se a menina não vem aqui…
samuel Says:
maio 27th, 2008 at 2:20 pm
o Interessante é que lê pensando que quem o escreveu era nada mais nada menos do que o colombiano Gabriel Garcia Márquez ganhador do maior galardão da literatura mundial o premio Nobel em 1982! Mas bem lê pelo peso emotivo e axiológico que o texto adquiriu quando disseram que tal foi feito por ele, pois o mesmo se encontrava em estado terminal ocasionado por um câncer linfático, porém gostei muito do texto! Isso prova mais um vêz que o peso de uma palavra vale o valor de quem a pronuncia.

La marioneta

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